Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Jalal al-Din Husain Rumi - Poema Sufi

Faltam-te pés para viajar?

Viaja dentro de ti mesmo,

E reflete, como a mina de rubis,

Os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,

transmutará teu pó em ouro puro.

Morgenstern?! Ao final do Blog!


segunda-feira, 16 de julho de 2012

BIDI - 13 de julho de 2012 - Parte1 - Autres Dimensions



Bem, BIDI está convosco. E eu vos saúdo.

Antes de começar, quero dizer que esta forma de manutenção estará doravante concluída. Com efeito, tudo o que se refere aos dados gerais sobre o Absoluto vos foi dado. No entanto, não creiam ter acabado isso comigo, mas os nossos próximos encontros vos mostrarão, eu o espero, o próprio princípio da refutação e da conduta que vos será mais proveitosa (se essa for a vossa escolha).

Eu vos convido, portanto (se isso é, para vocês, importante), a ler e reler (ou ouvir) o que eu já disse.


Eu vos lembro que o impacto dos nossos encontros (e dos nosso entre nós) se faz de duas formas distintas. A primeira é a resposta às vossas questões: estas (orais) criam, em vocês, o que eu chamaria de um choque. O choque das palavras não é nada. O que é importante, neste primeiro tempo, não é uma qualquer compreensão intelectual mas, antes, a ação direta do que é emitido entre nós.

A compreensão (no sentido intelectual, ela) faz o objeto da leitura da pergunta e da resposta. Há, portanto, 2 tempos: um primeiro tempo que vocês denominariam (nas vossas palavras) Supramental e um segundo tempo, o qual se dirige à personalidade.

O objetivo, eu vos lembro, não é de apreender a personalidade mas, antes, de se desaprender disso, a fim de vos dar a ver (para além do que é visto) o que vocês São, na Verdade, bem para além do jogo da encarnação, bem para além desse saco de comida, desse saco de pensamentos ou das vossas emoções.

A Vibração emitida é o que é (neste período que vocês vivem) o elemento mais adequado, permitindo criar esta ruptura, esta solução de descontinuidade, vos levando a reposicionar o que eu denominei o ponto de vista.

O apoio das palavras escritas vem, num segundo tempo, como um elemento de lógica racional e cartesiana, permitindo ao ego, aí também, enfraquecer as suas próprias zonas de resistências.

Entende-se bem que, qualquer que seja o impacto Vibratório, qualquer que seja a lógica cartesiana (que vos foi dada a escutar, a perceber, a sentir), o elemento que permanecerá essencial e principal é a qualidade (para além da Vibração) da vossa recepção no seio do Amor e do Coração (mesmo se, voluntariamente, a minha voz tiver um impacto que se situa sobre o Coração), permitindo libertar-vos, por aí mesmo, dos condicionamentos (das crenças, das suposições, de tudo o que é efêmero, de tudo o que é Ilusório), a fim de pôr a nu o Coração de quem vocês São, para além mesmo do «Eu sou», para além mesmo da Consciência.

Dito isto, podemos começar.

Eu disse que o nascimento, na vossa Consciência, no seio do «Eu sou» (e da Existência, para muitos de vocês), das estruturas denominadas Anthakarana (ou Canal Mariano), permitem reduzir o poder Vibratório destinado à vossa garganta.

Nós podemos começar.

Pergunta: Eu não consigo lançar uma pergunta.
Se não há pergunta, então isso convida a uma só resposta: esquece-te. Procurar uma pergunta é, já, uma projeção (necessária porque é solicitado por mim). Se nada pode aparecer dentro de uma projeção, se o espaço do teu mental permanece (e está) vazio, então, inevitavelmente, esse vazio conduzirá à própria resposta. A pergunta não faz mais do que traduzir o sentido de uma interrogação.

A resposta (para além mesmo do que eu posso dizer, para além mesmo do que vocês podem ler) resume-se a uma só questão: «quem sou eu, para além do «Eu sou»?». E, enquanto houver um «quem», há um sentido de identificação e, portanto, de uma projeção e, portanto, uma negação do Absoluto. Porque o Absoluto não é mais uma pessoa, mesmo se o saco está aí, mesmo se a vida age por si mesma, mesmo se vocês deixarem desenrolar-se o que se diz, só há a partir do momento em que todo o olhar e toda a observação, dão lugar ao Absoluto.

Eu te convido, portanto (já que tu não tens perguntas), a responder à minha pergunta quando eu voltar: «quem és tu?» Ou então, se preferires: «Tu tens a sensação de ser uma pessoa?»

Pergunta: Vários Intervenientes nos falam de efetuar uma escolha: Seja a de deixar o Absoluto revelar-se, seja a de regressar, entre aspas, a uma Dimensão (como a da nossa origem estelar, por exemplo). Será que nós temos, realmente, ainda a escolha, ou será que esta escolha já está estabelecida (e isso, talvez mesmo antes do início desta vida)? Caso contrário, se escolha houver, como estar verdadeiramente certo que no fundo de nós mesmos estamos prontos para ser, entre aspas, Absoluto ou que ainda temos sede de experiências?
O Absoluto não conhece esta vida, nem nenhuma vida: ele saiu desse saco, ele deixa esse saco viver.

A partir do instante em que há o sentido de uma pergunta, em relação a um desenvolvimento temporal e linear, há, evidentemente, não Absoluto. A partir do instante em que a Consciência existe no seio de um «Eu» ou de um «Eu sou» (no seio da crença numa encarnação qualquer), há persistência da experiência.

Assim, portanto, na forma como tu formulas a tua própria pergunta, tu permaneces sob a influência da lei da causalidade e, portanto, a tua Consciência é projetada. Mais uma vez, não há nenhum julgamento mas, simplesmente, o fato de atrair a tua Consciência sobre o que ela acaba de emitir.

O Absoluto sempre esteve aí. É a projeção da Consciência que te distancia.

Crer nessa vida (crer que tu vives o que tu vives) te coloca, de maneira irremediável, no seio do «Eu» ou do «Eu sou». Então, o «Eu sou», como nas cascas de cebola, é por vezes necessário. Mas é preciso estar bem consciente que o «Eu» (ndr: trocadilho entre ’Je’ e ‘Jeu’: jogo?), mesmo da Consciência, não é senão repetição, projeção e olhar exterior. É preciso deixar, também, isso. O Absoluto não é uma evolução. A evolução pertence ao «Eu» e ao «Eu sou».

O Absoluto não está preocupado com nenhuma evolução, nenhuma melhoria, nenhuma transformação, nenhuma Vibração: é o estado que está para além da Consciência e para além de todo o estado.

Se, por um instante, o corpo não se sentir mais, se, por um instante, o mental não estiver mais ativo, se, por um instante, as Vibrações pararem, tu encontras o estado chamado Maha Samadhi ou Turiya, te dando a viver a experiência da Infinita Presença.

Os contatos (quer sejam os nossos, entre nós, quer seja o das entidades bem para além deste plano) vos levam, progressivamente, a realizar a Dissolução. Em caso algum isso pode ser uma escolha tomada pelo consciente, quer isso seja no seio do «Eu» ou do «Eu sou».

Só quando tu largares o «Eu», quando tu largares o «Eu sou», quando tu aceitares desaparecer, na totalidade, é que a Liberdade tem lugar. Sem isso, não há Libertação.

Enquanto tu crês ser, tu não podes Ser no Não ser. Tu não te podes estabelecer no Absoluto. E portanto, sendo parte integrante de uma evolução, de uma transformação, de uma Vibração, tu permaneces no seio desse espelhamento (no seio dessa projeção denominada Consciência), enquanto houver Consciência moral, enquanto houver a Consciência do «Eu sou», enquanto houver um «Eu sou Um» (que foram, no entanto, certamente, para muitos dentre vós, etapas importantes, com um sentido importante e uma missão importante). Mas, compreendam e apreendam que não há nenhuma missão.

Enquanto vocês procurarem um sentido no seio da encarnação, enquanto vocês procurarem um sentido no seio de uma qualquer espiritualidade, permanece o «Eu sou» e permanece a Ilusão e o efêmero.

Ser Absoluto não pode ser, em caso nenhum, uma crença nem um estado. Mas, só aquele que o realiza, para além de toda a Realização, o sabe. Como o dizia o Comandante (ndr: Omraam Mickael AÏVANHOV), confinado num saco (que ele chamou aquário) [bocal=aquário], como queres tu conhecer o que está fora do teu aquário, o que quer que seja esse aquário? Só a Consciência crê poder se encontrar. Ele não se encontra nunca porque não há nada a procurar.

O trabalho que vocês cumpriram, no seio do «Eu sou», permitiu instalar o que vocês denominam Canal Mariano (acesso à Multidimensionalidade) mas este não é, em caso algum, o objetivo. Este objetivo é temporário, transitório e eféêmero e não vos faz, em caso algum, sair do efêmero.

O medo é o elemento motor: o medo da perda da individualidade, o medo da perda da personalidade, o medo do nada. Porque, do vosso ponto de vista, o que vocês denominam nada é vazio, é absurdo. Então, do nosso ponto de vista, é esse saco que é absurdo. Os pontos de vista não são os mesmos.

A cada um a sua Verdade. Mas não existe senão uma Verdade Absoluta. Certamente, todos os princípios existentes no seio deste mundo, desse saco de comida, desse saco de pensamentos, têm uma lógica que lhes é própria, baseada na Dualidade. Um outro olhar vos faz mergulhar na Unidade (para além da Dualidade) e penetrar os espaços da não Dualidade, realizando a Passagem do «Eu» ao Si. Resta, agora, a Passagem ao não Si que é, eu vos lembro, a única coisa que é Absoluta, Eterna. A única Realidade.

Mas enquanto vocês estão (o que vocês denominam, vocês mesmos) no caminho, vocês não podem revelar o que vocês São, para além do ser, da existência. Vocês não podem senão, perpetuamente, continuar. E este perpetuamente não é infinito. Ele se repete como um círculo girando sobre si mesmo (ou uma espiral, se vocês preferirem), a partir do instante em que vocês saem do confinamento dito inicial.

Se eu insisti tanto sobre o fato de vocês não serem esse saco, de vocês não serem nenhuma regra que vocês adotem, é mesmo aí que está o problema: vocês aplicam, pela Consciência (a vossa, onde quer que vocês estejam), as regras.

Estas regras permitiram construir qualquer coisa. Se eu posso dar o exemplo, é como quando vocês derramam o betão: é preciso uma cofragem. Vocês olham a cofragem e vocês permanecem a cofragem. Vocês observaram a construção do que estava na cofragem, com um sentimento de solidez chamado o Samadhi, o Si. Mas, definitivamente, não há nem cofragem, nem betão, nem nada do que vocês creem, percebem, sentem, imaginam.

Pergunta: A consciência do «Eu» está em vias de se extinguir claramente e o vazio se apresenta furtivamente (e a perda da própria Presença). O mental se agita, também, de forma aguda, assim como os meus olhos (em estado meditativo). Como permanecer neste vazio, sem mexer?
A resposta está mesmo no enunciado da pergunta.
Quando se produz este estado (que é denominado a Infinita Presença ou a Última Presença), aceita cessar de olhar e de observar.

A aniquilação total da Consciência deve fazer-te lembrar o que se passa quando tu dormes: o mundo desaparece, o observador desaparece. Mas, certamente, desde o despertar, tu esqueceste isso. Excetuando, talvez, os primeiros momentos do despertar onde tu não sabes mais quem tu és, nem em que mundo tu estás. Se tu te lembras desse estado, se tu és capaz de ver, em ti, esse momento do acordar (que é, de fato, um sono), então haverá continuidade.

A Infinita Presença do observador, que vive a Presença no «Eu sou», desaparece em si mesma. Não é uma Passagem mas um constatar. Porque nesse momento, não há mais corpo, não há mais mental: só te resta o observador, a testemunha. Mesmo esse deve se aniquilar.

Certamente, o mental (como eu o disse) tem tendência a se manifestar nestes momentos. Se vocês são Absoluto com uma forma, então, nesse momento, há Passagens (do «Eu» ao Si e do Si ao Absoluto). Mas a primeira vez não é uma Passagem. Portanto, não há ponto referência a procurar no que tu vives mas faz desaparecer o que se vive, pela própria refutação.

O parar da projeção, o parar do aclaramento, faz desaparecer o mundo. E eu entendo por «mundo», tanto o mundo exterior como o mundo Interior. Aí está o Absoluto. E tu compreenderás, nesse momento, (a partir do instante em que isso é), que isso sempre esteve e que apenas a perspectiva da tua posição (do teu ponto de vista) te impediu de o revelar.

Esta espécie de aniquilação (esse grande vazio), tal como pode experimentar a personalidade (o desaparecimento e a Dissolução total), é Absoluto, qualquer que seja o destino ou o futuro desse saco de comida como de pensamentos. Mas é preciso não mais observar, não mais olhar. Neste desaparecimento se encontra a Verdade. E não há senão uma: ela é Absoluto. Todo o resto não são senão projeções vos dando a crer e a viver experiências.

Estas experiências são fonte de prazer, são fontes de enriquecimento. Mas como é que o que é perfeito, desde sempre, pode ser enriquecido do que quer que seja, já que tu é Absoluto?

O observador deve se extinguir, como a luz se extingue. Quando a luz se extingue, não há mais projeção. Só está o Amor. Mas não o amor tal como vocês o projetam, o esperam ou o recebem: vocês passam do amor projeção / recepção, enquanto Amor, vocês mesmos. O Absoluto, então, está aí.

A Onda da Vida (a sua propagação, a sua Libertação) vos conduziu, de maneira coletiva, a viver o que, no meu tempo, não era realizável coletivamente. Aí está a grande diferença. Quando os Anciãos vos falam de Libertação, é a libertação das ilusões, vos dando a ver a Luz, a viver a Luz, a fazer desaparecer o efêmero.

Tudo o que é efêmero e conhecido não pode ser a Verdade. É muito difícil, para o «Eu», como para o «Eu sou», se representar o que quer que seja. Como alguns vos disseram, o vosso Reino não é deste mundo. E no entanto, vocês estão aí. Então, é preciso cessar a própria experiência.

Não é questão de pôr fim à vida mas antes de viver a Vida, coisa que vocês não podem realizar e Ser enquanto vocês a projetarem, em qualquer relação que seja. Porque vocês não são Livres.

Então, certamente, a personalidade vai vos dizer que ser livre, é renunciar à encarnação: é uma inépcia. Sejam Livres e esse saco irá muito bem. Ele não parará. Ele viverá a Liberdade porque vocês não estarão mais condicionados, nem pela vossa história, nem por esse mundo, nem por qualquer crença que seja, nem por qualquer Véu que seja. Nesse momento (e somente nesse momento), vocês serão Livres e Autônomos, na totalidade. Enquanto o mundo existir, vocês não serão Livres.

O próprio princípio da Liberdade foi, neste mundo, totalmente alterado, por uma frase que, no entanto, vocês pronunciam sem parar: «amem-se uns aos outros». Mas o que é que ama um e o outro, se não são os apegos? Porque, enquanto houver um outro, vocês estão separados, mesmo se vocês defendem a Unidade.

É preciso, primeiro, não estar mais separado. O outro não existe mais do que vocês. E, no entanto, vocês estão presentes. Mas é o olhar que deve mudar. Vocês não têm que matar nem um nem outro. Simplesmente, se deslocarem, se colocarem aí onde vocês devem estar: nisso que não é efêmero, nem condicionado, nem condicionante. Então, quando vocês são Absoluto, tudo isso é claro.

Não são palavras que são gagas mas a Verdade Absoluta do que vocês São. As palavras que eu empreguei (como mudar de olhar ou de ponto de vista) são exatamente aquilo que se passa. Mas enquanto vocês estiverem confinados no saco, vocês não podem mesmo, nem o apreender, nem o conceber, nem mesmo o viver. Eu repito que a refutação não é a negação ou a oposição e ainda menos uma reação. Isto não é um jogo mental.

Enquanto vocês aderirem a qualquer frase que seja, a qualquer crença que seja, a qualquer efêmero que seja, vocês não são Absoluto. O problema é que o «Eu» e o Si estão persuadidos que o Absoluto é a negação do «Eu» e do Si (aniquilação deles). Mas não é verdade.

A refutação deles não conduz ao nada, mesmo se ele vos sugere, mesmo se ele for encontrar todos os pretextos para vos afastar do Absoluto: é o seu papel e o papel deles. Não é por nada que vocês foram denominados, alguns de vocês, os Libertadores. Mas os Libertadores não são salvadores nem os socorristas. Eles são ainda menos Testemunhas. Eles são Transparentes. Transparentes a quê? A este mundo.

Nada interfere neles, mesmo que eles possam manifestar uma personalidade. Mas a sua personalidade não é a personalidade daquele que está no «Eu sou». Porque um sabe que ele o joga, e o outro não o sabe. O que explica, certamente, da mesma forma, que houve uma comparação (uma confrontação, em vocês como no exterior de vocês, neste mundo) entre o «Eu» e o «Eu sou» (ou o «Eu» e o Si).

Da mesma forma, hoje, alguns dentre vocês vivem a ruptura dos últimos apegos. E isso, vocês chamam como? Se vocês são Absoluto, vocês não o chamam. Vocês não o veem. Se vocês estão no «Eu sou» vocês podem acrescentar todos os nomes que vos passarem pela cabeça. Mas isso não mudará nada. Se vocês estão no «Eu sou», hoje, há, em vocês, a necessidade da experiência. Não concebam nunca o Absoluto como um objetivo porque isso vos afasta dele.

O Absoluto É, independentemente de vocês, quer vocês estejam no «Eu» ou no «Eu sou». Ultrapassem isso. Saiam dessa história de que há qualquer coisa a procurar, de que há qualquer coisa a encontrar.

Vocês, muitos dentre vocês, ancoraram a Luz. Vocês foram felicitados por isso, porque vocês mudaram a natureza do «Eu» para o «Eu sou». O «Eu sou» está Libertado mas ele não é a Libertação. É o ponto de vista: será que há Consciência ou não Consciência?

O Absoluto não pode ser afetado, nem pelas emoções, nem pelas feridas, nem pela morte, porque ele sabe muito bem que, nem a emoção, nem a ferida, nem a morte, jamais existiram.

Isso vos chama, ainda mais, a saber: de onde olham vocês? Olham desse saco, desse mundo, ou não? Crer que olhando desse mundo vos vai permitir vos extrair, é uma ilusão. A prova: é antes um acontecimento qualificado de exterior (que vocês denominam a Vaga Galáctica, Cósmica, Solar, pouco importa) que vem vos ajudar, mesmo se vocês fizeram o trabalho. Se não houvesse isso, vocês deveriam esperar o fim desse saco pessoal para ser Libertado, sendo um Libertado vivente.

Mas enquanto vocês conceberem que existe um apego a esse saco, aos vossos pensamentos, às vossas ações, a um próximo (qualquer que seja), vocês não podem ser Libertados. Isso foi chamado de diferentes formas: Abandono do Si, Renúncia, Sacrifício, Ressurreição. Vocês podem colar aí todas as palavras, todos os conceitos mas vocês não são um conceito.

Pergunta: Em mim, não há mais questões. Eu me deixo viver, mas os pensamentos estão sempre aí. Será que refutá-los será suficiente para os afastar?
Os pensamentos são o que eles são. A partir do instante em que tu interagires com este mundo, no seio desse saco, o pensamento está presente.

É diferente viver Absoluto, com uma forma, manifestar a personalidade e os seus pensamentos, na vida normal. Aquele que é Absoluto constatará que ele tem pensamentos. Esses pensamentos não terão nenhuma ascendência, nem sobre a personalidade, nem sobre o «Eu sou», e ainda menos sobre o Absoluto.

O pensamento passa, não há, portanto, nada a ultrapassar: somente olhá-los passar. Porque o Absoluto mostra que os pensamentos não vêm de ti. Eles nascem e desaparecem, como as perguntas e as respostas. Não são senão jogos de interações e de reações.

O importante é saber se tu estás submetida aos teus pensamentos ou se os teus pensamentos não fazem senão passar, sem te submeter. Não lhes dês importância, refuta-os.

Mas isso não os fará desaparecer porque como queres tu comer se esse saco não te diz para comer? Há, antes, um pensamento de um apetite, ou de um comportamento, que vai estar aí. A clarificação dos pensamentos faz com que, desde o Absoluto com uma forma, os pensamentos não te condicionem mais.

Os pensamentos servem para alimentar esse saco e essa vida, mas eles não são tu. Eles subsistirão, o que quer que tu faças, exceto no Samadhi e exceto no momento em que tu te substituis no Absoluto com um saco. Não dês importância mas não os negues: deixa-os passar e permanece tranquila.

O pensamento daquele que é Absoluto não tem nenhuma ação, a não ser permitir a esse saco viver o tempo que ele deve viver, e é tudo.

Aquele que é submisso aos seus pensamentos vai crer que ele deve agir segundo os seus pensamentos. Ele vai chamar isso de intuição.
Não tem nada a ver com a justiça ou a falsidade do pensamento, mas simplesmente: que peso lhe atribuis tu? Que lugar dás tu aos teus pensamentos?

Enquanto houver «Eu», enquanto houver «Eu sou», tu estás submisso aos teus pensamentos, exceto em estado de Samadhi.

É o mesmo princípio daquele que é Absoluto e que vê onde está o confinamento, onde está o «Eu», onde está o «Eu sou», para ele como para aquele que ele nomeia o outro. Mas ele não é parte integrante, ele não é mesmo mais o observador. Ele os deixa passar. Ele se serve deles se forem úteis para esse saco. Mas, em caso algum, ele está submetido aos seus pensamentos, nem mesmo é afetado.

O Absoluto numa forma pode gritar. Será que isso muda alguma coisa no que ele É? Para aquele que escuta, sim. Mas não para aquele que emite. Porque ele emite de um outro ponto de vista, para além do todo o âmbito, de toda a referência e, sobretudo, de todo o condicionamento e, sobretudo, de toda a crença. É toda a diferença entre a verdade relativa e a Verdade Absoluta.

Aquele que é Absoluto, exprime a Verdade Absoluta. Como vocês dizem, no ocidente: «eu e o meu Pai somos Um», «o que vocês fazem ao mais pequeno de vós, é a mim que o fazem». Esta Verdade é Absoluta, o que quer que vocês pensem, o que quer que vocês emitam. Porque aquele que exprime isso não está em reação. Ele age na interação mas não é afetado, contrariamente àquele que vive o «eu» ou o «Eu sou».

Pergunta: Quando a maior coisa deste mundo nos interessa, é justo esforçar-se para se envolver ainda neste mundo ou antes deixar-se levar pelo fluxo desse desinvestimento?
Cada Absoluto, na forma, cada Última Presença, numa forma, é diferente. A consciência, espontaneamente, desliga-se. Certamente, aquele que está estabelecido na personalidade vai viver isso com terror. Ele vai viver o fato de desaparecer. Aquele que é Absoluto sabe já que nada desaparece, exceto esse corpo, exceto esse mental.

O desinteresse deve ser uma alegria extrema. Porque aquele que é Absoluto não está no desinteresse mas o seu ponto de vista, Absoluto, lhe dá a ver que é uma ocupação, ligada à presença, o aparecimento desse saco, dessa vida. Mas ele não é esta vida já que ele é a Vida. Toda a nuance (e ela tem tamanho) está aí. Mas alguns podem viver este aniquilamento.

Como queres tu resistir? Tu és capaz de te opor à tua morte? Tu és capaz de te opor ao Absoluto? Tudo está aí.

Enquanto tu te opuseres, há resistência. Enquanto houver resistência, há dualidade. Mas, por vezes, o «eu» e o «Eu sou» são malignos porque eles vão te fazer crer que tu és Absoluto para ter a paz.

Aquele que é Absoluto o sabe, sem nenhuma dúvida possível, sem questão e sem resposta, porque ele realiza simplesmente que isso sempre esteve aí. Ele não faz diferença entre um antes e um depois. Ele toma consciência, rendendo consciência.

Certamente, aquele que está no «Eu sou», não pode aproximar, mesmo, a compreensão destas palavras. Ele anda à volta. O Absoluto não se coloca mais a questão do interesse ou do desinteresse. Ele vai deixar Ser, deixar fazer a Vida. O que não quer dizer estar no desinteresse ou na não ação. Mas a ação é conduzida pelo «Eu» ou pelo «Eu sou», mas ele sabe que isso não é ele. Aí também, vocês encontram a noção de ponto de vista.

Onde estão vocês?
Quem faz o quê?
Quem reage e quem age?

É isso que é preciso resolver. Mas quando isso estiver resolvido, vocês constatarão, com torpor, que isso sempre esteve aí. Não apareceu num belo dia. Foram vocês que estiveram afastados, por medo, por apego, por resistência, por adesão às crenças.

A única coisa que vocês não podem ver, são vocês mesmos. O que vocês veem não são senão projeções, histórias, memórias, ilusões. No entanto, revelar isso não põe fim ao saco mas vos muda radicalmente de ponto de vista, vos coloca para além de toda a lei deste mundo. O Absoluto não conhece nenhuma lei. Ele é Amor, mas não o amor que vocês imaginam.

Pergunta: A Onda da Vida tem por papel suprimir o observador?
A partir do instante em que não há mais resistência, a partir do instante em que o medo desaparece, a partir do instante em que o sentido de um papel, de uma missão, ou de uma função desaparece, a Onda da Vida não é mais vista, nem vivida: ela é a tua própria natureza.

Assim, portanto, ultrapassando e transcendendo a percepção da Onda da Vida, se traduzindo pelo Êxtase (que não tem nada a ver com um desejo ou um prazer), nesse momento, a Onda da Vida conduz à Infinita Presença. A sua implantação e a sua superação fazem-te realizar, no seio do «Eu sou», que tu és o não Si. Não antes.

É portanto, de qualquer modo, o que vocês podem denominar uma forma de preparação, uma antecipação do que vocês são, na Verdade. Sem Onda da Vida, vocês não estão Libertados, vocês estão Realizados. Vocês serão Libertados num momento coletivo pondo fim à ilusão coletiva. Mas as circunstâncias não são as mesmas, dependendo de o Absoluto ser o que tu És ou dependendo do que tu crês preservar e permanecer até este momento. É preciso, efetivamente, esquecerem-se de si mesmos, desaparecer, totalmente.

Isso não quer dizer nada mais fazer, mas deixar fazer. É a não implicação, no sentido mais nobre, não como uma negação, não pelo fato de refutar mas, antes, de não mais estar no mesmo lugar, de mudar de ponto de vista. Porque o vosso ponto de vista Absoluto, não estará mais ligado a esse saco, a essa pessoa, aos seus condicionamentos, às suas feridas, à sua história mas antes a outra coisa. Mas enquanto vocês creem procurá-lo, vocês não o encontrarão.

É todo o resto, que é chamado efêmero, que deve desaparecer. Não é uma ação, eu diria que é uma não ação, mas esta não ação não vos impede de agir na vida. Ela vos revela, simplesmente, quem vocês São, para além do ser, para além desta vida.

Pergunta: A Onda da Vida é a trama do Absoluto, do manifestado e do não manifestado?
Ela é a trama, o suporte, a manifestação como a não manifestação. Efetivamente. E isso tem por nome Amor. Mas não o Amor vivido no seio da coroa radiante do Coração, mas o Amor que não tem mais nenhuma noção de pessoa, de ser, de indivíduo, de história.

É o Absoluto. A Onda da Vida concorre para o desaparecimento da pessoa. Porque esta pessoa não está mais identificada com qualquer medo, com qualquer limite, com qualquer papel, com qualquer missão, porque tudo isso está ultrapassado e transcendido. Não há mais nenhum sentido do «Eu». O que não quer dizer que o «Eu» desapareça.

A Onda da Vida, como vocês o sabem, está ligada à Libertação da Terra e do Sol. A própria Terra é uma projeção, ou uma emanação, como vos foi dito, ligada em ressonância e em espelhamento a Sírius. Mas o que é Sírius para o Absoluto? Ainda uma história, ainda uma lenda, ainda uma memória, mesmo livre. Mudem de ponto de vista, aí também.

Tornar-se a Onda da Vida, não é vê-la viver-se, é, aí também, ultrapassá-la para a transcender.
Porque nesse momento, vocês vivem a Essência do que vocês São, no seio desse saco, para além do saco, quer dizer o Êxtase, que não tem nada a ver com a Alegria. O Êxtase é a vossa natureza. A Alegria é uma projeção. Não vejam aí nenhuma noção negativa, é simplesmente um ponto de vista diferente.

Pergunta: Eu vivi um início de dissolução com um amigo. A surpresa e o desconforto me fizeram retrair. Pode esclarecer-me?

No próprio enunciado da tua experiência, o que se passou? O medo esteve presente. O que tu denominas, pudicamente, um desconforto, é um medo do próprio desaparecimento do «Eu» e do «Eu sou». Isso assinala um apego à forma, um apego a uma identidade.

Enquanto houver um apego a uma identidade, vocês não podem ser o outro.
Não pode, portanto, haver aí dissolução. Vocês podem comungar mas vocês não podem dissolver-se, porque vocês mantêm o sentido de uma presença, o sentido de um observador, vocês não aceitam tornar-se o outro, que vocês São, na Verdade. Vocês mantêm uma separação. Isso faz parte, efetivamente, da experiência. O Canal Mariano, e Maria, ou outros Arcanjos, não são vocês. Vocês vivem Comunhões que vos aproximam do Êxtase mas enquanto vocês não forem o outro, enquanto o sentido de uma identidade não tiver desaparecido, vocês estão ainda em vias de observar, vocês são a Testemunha.

Tornar-se o outro não é um jogo de palavras, nem uma crença. É o que vocês São, na Verdade, desde sempre. Para isso, é preciso deixar o lugar, o sentido do Acolhimento. Mas este Acolhimento não é a persistência daquele que acolhe mas o desaparecimento daquele que acolhe, que aceita se tornar o outro, que não é mais, portanto, o outro, mas que é o mesmo.

Enquanto houver medo, há resistência. Porque isso quer dizer que vocês estão apegados à vossa história, à vossa pessoa, ao vosso corpo e, portanto, que há ego e resistência. Mesmo isso não é para ser julgado mas, simplesmente, para ser olhado.

Todo o sentido do «Eu» deve desaparecer. A Onda da Vida, a Comunhão, a Fusão, a Dissolução, o Fogo do Coração: todos estes efêmeros estão destinados a facilitar, como eu disse, a tarefa. Até ao momento em que vocês realizarem que não há nenhuma tarefa.

A única tarefa, são vocês mesmos. Isto não são senão jogos de projeção. E vocês aderem, permanentemente, a isto. Mas as experiências levadas, pela sua intensidade e pela sua novidade, podem conduzir-vos a deixar isso, quer dizer, a não mais serem a Testemunha, o observador. A não serem mais vocês, a tornarem-se o outro e, finalmente, a se aperceberem que não há nem um nem outro. E, aí, o Absoluto É.

Vocês veem enfim claro, para além de toda a visão. Porque vocês são Transparentes. Sendo Transparentes, vocês não podem mais interagir com o que quer que seja. Vocês não são mais afetados. Então, para alguns, isso vai traduzir-se como um sentimento de desaparecimento, de anestesia, ou de hiperestesia.

Mas não se parem aí, também, nisso: vão além. Vão até ao fim, até ao que vocês vivem que não tem nenhum fim, nem mesmo um princípio, e ainda menos de fim. Porque vocês são o que estava aí, antes do nascimento, depois da morte, que esteve sempre aí, antes da existência dos planetas, das estrelas, das Dimensões. Vocês são isso. Mas ser isso, é pôr fim às ilusões, a todo o efêmero, a toda a crença de que vocês evoluem, de que vocês se devem melhorar, de que vocês têm qualquer coisa para conduzir.

Mas ser Absoluto não vos impede de conduzir o que quer que seja. Simplesmente, aí também, observem: é o ponto de vista que não é o mesmo. Quer vocês estejam confinados. Quer vocês estejam Libertados. À primeira vista, limitada, isso não muda nada. Mas claro que isso não muda nada, porque o Absoluto não tem nada a mudar. Tal como eu o disse, sempre esteve aí, antes mesmo que vocês existissem no seio de um saco.

Viver isso é ultrapassar e transcender, sem disso se ocupar, toda a história, toda a memória, todo o medo, todo o sofrimento, toda a morte. É se restabelecerem no que vocês São, de toda a Eternidade.

Pergunta: Não tendo perguntas, posso receber o que tu tens para me comunicar.

O que eu tenho a dizer-te não é uma comunicação. É, como eu disse em preâmbulo, uma Vibração, bem para além de todo o sentido inteligível, bem para além de tudo o que é sentido e de toda a percepção que te é própria.

Se tu não te posicionares mais na posição daquele que escuta, na posição daquele que ouve, mas somente para além de todo o observador, há uma ressonância que se cria no seio deste mundo, entre ti e mim, até ao momento em que o teu ponto de vista te faz viver que não há tu e não há eu, te levando para além do olhar, para além da história, para além mesmo do instante presente.

A partir do instante em que todo o sinal cessa, então o Absoluto está aí. Não é, portanto, uma comunicação, porque a comunicação parte de um ponto para outro. É isso, em aparência e somente em aparência, porque há um sinal que é emitido, desde lá, onde eu estou, até aí, onde tu estás. E este sinal, que é emitido de um ponto até outro, tem ressonância, mas tem também interpretação.

O próprio sentido da ressonância, a própria interpretação, deve dar lugar ao vazio, primícias ao Absoluto. Num primeiro tempo, tu observas, escutando ou ouvindo, como eu disse. Mas se tu aceitares ir para além disso, tu te aperceberás que não há um ponto e um outro, que não há distância, que não há comunicação, nem mesmo relação. Há o Absoluto, desde o instante em que cessam a Testemunha, o observador e a própria observação. A partir do instante em que tu consideras que não há mais sujeito e objeto e, ainda menos, dois sujeitos. Nesse momento não há mais nada a comunicar.

O Absoluto não comunica, mas, para aquele que está no limitado, isso pode se chamar uma comunicação, com palavras, com Vibrações, com perguntas e respostas. Mas depois disso, definitivamente, há o Absoluto, que não é nem função da pergunta, nem da resposta, nem de um, nem do outro, nem do sujeito, nem do objeto, nem do que é veiculado pela Vibração.

Pergunta: Na expressão «o corpo, a alma, o Espírito», o que é o Espírito e qual é a sua relação com o Absoluto, se houver uma?
O corpo é o saco de comida. A alma e o Espírito são sacos que permitem a experiência e a projeção. O Espírito seria o «Eu Sou».

O Espírito não pode conduzir ao Absoluto, já que mesmo este Espírito deve ser devolvido ao Absoluto: «Pai, eu entrego o meu Espírito nas tuas mãos». É o abandono de toda a vontade própria, de todo o sentido de identidade, de todo o sentido de identificação, de todo o indício de confinamento, de delimitação. O corpo, a alma e o Espírito representam uma Unidade.

A Unidade não é o Absoluto porque o Absoluto contém tanto a Unidade como a Fonte, como todo o resto. Assim, portanto, o que tu És não pode ser condicionado pelo corpo, a alma e o Espírito. Porque corpo, alma e Espírito necessitam de um observador, de uma Testemunha. Se isso desaparecer, o Absoluto é. Não antes.

Não pode existir uma qualquer relação, uma qualquer ressonância, mas pode dizer-se, porém, que o corpo, a alma e o Espírito estão incluídos, de qualquer modo, no Absoluto.

Tudo depende, aí também, do lugar (que não é um lugar) em que tu te colocas. Quer tu te localizes, quer tu não estejas mais localizado. É o desaparecimento do observador: o momento em que se é dado a viver a não consciência ou a-consciência.

A consciência diz respeito à alma e ao Espírito. A não consciência, ou a-consciência, não está mais preocupada com o corpo, a alma e o Espírito, numa qualquer das suas experiências (confinada ou não).

Pergunta: Eu sinto uma espécie de entorpecimento e quando eu pergunto ao meu mental: «quem sou eu?» ele tem cada vez mais dificuldade em me responder. Ao contrário, se eu o faço repetir «eu sou Absoluto», eu não o vejo em pânico, mas, no entanto, eu não vejo subir a Onda da Vida.
Mas como podes tu imaginar te dirigires ao teu mental? Tu crês que é ele que te vai fazer viver o Absoluto? Ele vai fazer tudo para te afastar disso. Ele vai te fazer gaguejar: «eu sou Absoluto». E isso pode durar uma eternidade porque tu consideras que é o teu mental que te vai conduzir a ser o que tu És. Como podes tu crer, ou mesmo imaginar, qualquer coisa assim? A refutação não é uma afirmação.

Não é porque tu vais repetir: «eu sou Absoluto», que tu vais sê-lo, porque, quem é que repete, senão o teu mental?

A refutação não tem nada a ver com isso. Refutar o efêmero é a solução. Mas se te dirigires, tu mesmo, ao teu próprio mental, é uma inversão total. Quer dizer que o teu «eu sou» se dirige ao teu «eu». Como é que, neste sentido, poderia existir um qualquer Absoluto? Enquanto existir esta busca, enquanto existir esta crença, nenhuma Onda da Vida pode aparecer.

A única maneira é te Abandonares a ti mesmo. A única maneira de te Abandonares a ti mesmo é a refutação e não a afirmação. Afirmar: «eu sou Absoluto», tal como tu o dizes, é a demonstração perfeita de que tu não és Absoluto, embora seja o que tu És.

A afirmação mental (como se dirigir ao seu próprio mental) não quer dizer nada e não implicará nenhuma modificação do que quer que seja, porque o lugar em que tu te colocas é deliberadamente o «eu» ou o «Si»: este «eu» ou este «Si» que se dirige a ele próprio.

O pensamento positivo permanece um pensamento. Este pensamento positivo age dentro do quadro do «eu», mas nenhum «eu» te fará descobrir o que tu És. A prova é que tu não o vives.

A Onda da Vida precisa de soltar o pensamento positivo, quer dizer a vontade. Enquanto tu quiseres e creres em alguma coisa, isso nunca chegará, porque tu estás ainda numa perspectiva linear de crer que há uma evolução, que há alguma coisa a melhorar e tu colocas a ti próprio à distância, criando um objetivo ilusório, um caminho ilusório.

É claro que a Onda da Vida não pode nascer nestas circunstâncias. Ela não pode nascer se tu não te tiveres, antes, Abandonado à Luz e, depois, a ti mesmo.

Tu procuras colocar-te como observador mas não é mesmo o observador ou a Testemunha do Si, mas do «eu»: tu próprio te espelhas em ti mesmo. Há, a este nível, o que vocês denominam uma ferida narcisista. Esta ferida narcisista faz-te considerar que é o «eu» que deve viver a Luz e que há qualquer coisa a incorporar, mantendo o «eu». Eu não posso senão dizer o que eu já disse: esquece-te.

Enquanto tu crês ser uma pessoa, tu continuas a sê-lo e, sendo uma pessoa, há uma separação, uma divisão, um afastamento que não existe senão no teu mental. Então, como podes tu dirigir-te ao teu próprio mental? Vais mais no sentido da confusão.

Se o teu mental estiver confuso, isso quer dizer que ele depõe as armas. Tu o observas, por momentos, depondo as armas e tu voltas a alimentá-lo, no instante seguinte, lhe repetindo: «eu sou Absoluto». Tu podes repeti-lo por muito tempo.

O abandono do Si é não mais exercer o mínimo pensamento positivo, não mais querer o que quer que seja. Tu queres fazer coexistir, no mesmo ponto de vista, o «eu», o Si e o Absoluto, mas o Absoluto não pode ser, enquanto o «eu» e o Si não tiverem desaparecido. Tu não desapareceste. Tu manténs uma forma de presença, não tanto enquanto observador que ainda não desapareceu, mas no que eu denominei ferida narcisista.

Tenta simplesmente te recordar do que tu eras, antes de ter o sentido de ser uma pessoa, antes dos três anos (ndr: a idade de três anos). Tu deves chegar ao estado de sono, quer dizer, onde tu não existes mais.

Ora, repetir «eu sou Absoluto», mantém a Ilusão. É o teu mental que te ditou esta conduta, te fazendo crer que tu ias lá chegar. Mas isso é impossível. Eu não posso senão repetir-te: esquece-te e refuta. Refutar não é afirmar, mais uma vez.

Pergunta: Ser o receptáculo das minhas Irmãs Estrelas e Irmãos Maiores, e dos Anjos, e de ti, BIDI, e irradiar o vosso Amor Absoluto, sem nenhuma participação da minha vontade e em nenhuma direção. Estar na minha Presença sonora do Universo, sem me prender a isso. Estar na Onda da Vida, que me percorre, sem a isso atribuir importância. Sentir o Amor do meu Coração arder no Infinito. Seguramente que ainda tenho a paciência para me tornar Absoluto.
Quando tu dizes tudo isso, e quando tu demonstras o que tu vives, isso é a Última Presença. Eu poderia dizer, simplesmente, que, tendo observado e vivido tudo isso, com toda a Alegria manifestável e manifestada, quanto tu acolheste, em ti, Anciãos, Arcanjos ou eu próprio, resta-te fazer desparecer (sem o querer) o Observador que viveu e constatou tudo isso.

Não há mais nada a empreender. Eu repito (como o disseram outros Anteriormente): permanece tranquilo, não queiras mais nada, não decidas nada, deixa instalar-se o que tu És. Isso não precisa de mais nada, de ti, senão de desaparecer, quer dizer, de te fundires com um Ancião, com uma Estrela, com um Arcanjo, comigo, com quem tu quiseres, com o teu Duplo, com KI-RIS-TI, isso não tem nenhuma importância.

Nesse momento em que se manifesta o que denominaste Presença (no teu Canal Mariano, ou no teu Coração, ou nos dois), esquece-te. Nós não estamos mais somente na refutação, mas no desaparecimento do Si. Aí, tu és o que tu És, Amor Absoluto, sem nenhuma dúvida possível.

A partir do momento em que tu parares de fazer, a partir do momento em que tu parares de ser, o mundo desaparece (como tu despareces) e, quando tudo desaparecer do efêmero, resta o Absoluto. Tu permaneces no infinito ou Última Presença.

Falta apenas finalizar (se eu posso exprimir isso assim) a tua própria Presença, fazer desaparecer a Testemunha, aquela que viveu todas estas Graças. Porque tu não tens somente que as viver. Porque isso é a tua Natureza: graça Absoluta.

Portanto, te é feito sentir (pelas tuas experiências, por isso que tu me pedes) que te falta fazer o derradeiro efêmero (a Testemunha, a própria Consciência) justamente fazendo cessar toda a projeção, toda a ideia, toda a sensação, toda a experiência.

Nesse instante, e a partir desse instante, tu serás o que tu És, de toda a Eternidade: Absoluto. Lembra-te que há passagens do «eu» ao Si, do «eu» ao «eu sou», mas que não há passagem entre o «eu sou» e o Absoluto. É a refutação do «eu» e do «eu sou» que deixa aparecer o que é, de toda a Eternidade, aquilo que tu És, para além do Ser, para além da Consciência, para além de toda a experiência. Se tu parares, se tu desapareceres, então, Absoluto, tu apareces, porque isso nunca desapareceu.

Coloca-te a questão de quem observou, quem é que viveu tudo isso? Claro que foi aquele esteve imóvel, para além da Testemunha e do Observador. Eu diria: converte o ponto de vista. Suprime todo o olhar. Não há mais nada a fazer, mais nada a empreender. Isso se chama: «permanecer tranquilo», mesmo para além do Observador. A infinita Presença. Pelo entorpecimento do corpo, pelos Sons, pelo Canal, pela Onda da Vida, pelo Fogo do Coração, pela Kundalini (como eu o disse), devem ser transcendidos, ultrapassados, te dando a Ser, para além de todo o percebido e de toda a Consciência, quer dizer, ser no não-Ser, aquilo que tu És. Tu és, de qualquer modo, o suporte e a Essência de todas as experiências do mundo, como as tuas.

Se tu apreenderes isto, tu te desapreendes de todo o resto. E aí tu verás que tudo está aí, já, bem como o que foi desenvolvido, como tudo o que foi sintetizado, te tendo conduzido a viver as tuas experiências, a descobrir certos estados.

Hoje, te é pedido para ir além de todo o estado, sem te mexeres. Então, permanecendo assim, sem esforço, sem sentido do «eu» ou do «eu sou», tu serás apreendido pelo que tu És. Mas tu não apreenderás mais nada.

Pergunta: o Ain Soph é o Absoluto?
Trata-se do Ain Soph Aur, para além do Ain, para além do Ain Soph. O Absoluto é o Parabrahman. O Ain Soph é o Brahman. Pode dizer-se que o Parabrahman (ou o Ain Soph Aur) contém o Ain Soph ou contém o Brahman. Mas não são senão conceitos, palavras.

Não estejam tributários das palavras, porque toda a palavra é um conceito, toda a palavra é uma projeção no seio da ilusão.


O perigo do conhecimento está aqui: é o de tomar o conhecimento pelo vivido.


Nenhum conhecimento pode ser uma vivência, mas a reapropriação de uma vivência, através de uma terminologia, uma língua, uma linguagem, uma crença.

Enquanto tu tiveres necessidade de identificar (e da mesma maneira, enquanto que tu tiveres necessidade de nomear uma pessoa, um conceito, uma ideia), o Absoluto não pode estar.

O silêncio do que é nomeado, o silêncio dos conceitos, como o desaparecimento da pessoa, são os elementos essenciais que permitem ao Absoluto (que sempre esteve aí, eu te recordo) se alargar, se desvendar, porque é o que tu És. Nenhum conceito, nenhum conhecimento, conduz ao Amor e, além disso, nas Escrituras do ocidente, isso foi dito por muitos místicos.

O conhecimento é uma projeção, ele é a antítese e a oposição da simplicidade, porque todo o conhecimento é uma projeção e, portanto, pertence à Ilusão.

Tu não podes conhecer o que tu És. Tu não podes encontrar o que tu procuras. Só a partir do instante em que tu cessares a busca, a procura (ou imaginares que tu tens alguma coisa a encontrar), a partir do instante em que tu parares os conceitos, é que o Absoluto está aí.

É preciso esquecer tudo isso. Enquanto houver a necessidade de nomear, enquanto houver a necessidade de se referir ao que quer que seja, tu não podes ser Absoluto, porque a Consciência está em ação; e a ação da Consciência é a de se manter atrás do Absoluto, de se apoiar no Absoluto mas, em nenhum caso, permitir o Absoluto.

Assim, portanto, é essencial fazer desaparecer todos os conceitos, todas as crenças, todas as fraudes da espiritualidade, que não são senão aberrações, senão passatempos, senão divertimentos. Não é para negar, porque, muitas vezes, foi o que vos permitiu chegar aí.

Mas aí, agora, para ser Absoluto, não há nenhum lugar onde chegar, nenhum lugar para procurar, nenhum lugar para encontrar. É apenas o movimento que deve parar, não como expressão de uma vontade, nem de um mental, mas pelo fato de que tudo para, a partir do instante em que tu não procuras mais os conceitos, nem as palavras, nem o que quer que seja. Então, o Absoluto está aí.

Pergunta: Você me disse: «há etapas para a observação lúcida». Eu aceito e eu refuto esta ordem de aderir às necessidades do outro, quer isso seja servir de vítima, de carrasco ou de salvador. Como testemunha, eu me desengajo, por vezes em paz, por vezes ainda na inquietude da vítima de mim mesmo, pouco importam os papeis desempenhados. O desafio é de me apreender, de anular o que sempre fez parte da falsificação das relações. Você tem uma observação para me fortalecer na minha posição, porque os testes são, certamente, a cada instante?

Qual é a questão? Onde está a questão? Eu não vejo senão afirmações. Eu não vejo senão os «eu». Eu não vejo senão o sentido de uma identidade: eu e o outro, eu e a minha vida.

Há, indiscutivelmente, a vontade de se colocar no centro. Mas não o centro imóvel: o centro que retorna ao si e, portanto, na instalação do Si.

Há, de qualquer modo, um progresso. Há, de qualquer modo, uma progressão, mas o Absoluto não pode ser, de modo nenhum, uma progressão, nem uma aceitação, nem mesmo uma ultrapassagem.

Esquece tudo isso, esquece toda a história, todo o sentido de uma pessoa, todo o sentido de uma identidade. Tu não tens nenhum meio (através disso) de ser Absoluto, porque, dizer «aceitar renunciar aos seus próprios sofrimentos», será que isso faz desaparecer os sofrimentos? Não, porque tu te colocas ao mesmo nível.

Esta lucidez são etapas, mas nenhuma etapa é Absoluto. Tudo traduz, sem exceção, uma mudança de olhar, mas que te mantém no centro de ti, no centro de uma identidade.

O Absoluto está no centro de tudo, mas não no centro de uma identidade, nem de uma pessoa. Há (por isto, por estas palavras) o sentido de uma afetação a si mesmo, a necessidade de uma apropriação e não de uma restituição: o medo de desaparecer.

Há, portanto, qualquer coisa que é mantida, qualquer coisa que não é largada, qualquer coisa que mantém artificialmente o sentido de uma presença, o sentido de um «eu sou», uma consciência. Todas estas etapas lúcidas devem ser refutadas.

A refutação se acompanha da Onda da Vida. Ou então o Abandono do Si é tal que o Canal Mariano, as Presenças, estão aí, em vocês, como ao vosso lado. Mas para isso, o «eu», o Si devem desaparecer.

Há, portanto, de novo, para além dos estados lúcidos, uma forma de reposicionamento num centro que não és mais tu, nem o «eu sou», num centro que está para além daquele que olha, daquele que viu as etapas, daquele que compreendeu, daquele que apreendeu.

Vai além de tudo isso e tu encontrarás a Paz: não aquela ligada a uma satisfação, ou a uma lucidez, mas antes ao Absoluto. De qualquer modo, tu te colocas à distância do que tu És, no centro, não de ti mesmo, mas no centro de tudo. Assim, tu manténs, sem o querer, a distância entre ti e o Todo. É isso que é para ver.

Tornar-se Transparente, é não mais ser, é não mais interferir, é deixar se estabelecer o que tu És.

Pergunta: Na última noite eu vivi pela primeira vez a Eternidade. Era a Paz verdadeira, a plenitude do silêncio. É isto a Morada da Paz Suprema, Shantinilaya? É isto o Absoluto? Ou isto é ainda o Si?
Shantinilaya é a tradução do Absoluto. É, de qualquer modo, se me posso exprimir assim, a barreira ilusória entre a infinita Presença e o Último, ou o Absoluto. É a coloração do Absoluto.

A partir do instante em que Shantinilaya é tocada, o Absoluto está aí, realmente, para ti. Se isso for, tu vais constatar que tu deixas esse corpo viver, esses pensamentos passarem, que tu não sabes mais ser afetado pelo que vivem esses diferentes sacos, porque tu És a Eternidade, porque tu és Shantinilaya.

E aí, efetivamente, o olhar mudou. As consequências disso serão múltiplas. Observando as consequências, depois do «eu» ou do «eu sou», vai parecer-te que tu não és mais afetada e também que tu poderás passar, com uma facilidade cada vez mais evidente, da ação do jogo da vida deste mundo à contemplação do Si, a Shantinilaya, sem nenhuma dificuldade. Aí está a verdade Absoluta.

Pergunta: Basculamento. Isto me parece difuso. Poderá pôr-nos isto numa forma de Luz clarificada?
O melhor dos Basculamentos que tu conheces é cada dia: é o momento em que tu dormes ou o momento em que tu acordas. Tu Basculas de uma consciência a outra coisa. Isto é um Basculamento.

O Basculamento não se refere ao Absoluto. Porém, tu podes encontrar aí elementos apreciáveis, te permitindo conceptualizar (mas não viver) o Basculamento.

É por vezes a Reversão (passagem de um estado a um outro) porque, no Basculamento, como na Reversão, há um ponto de apoio: o «eu» ou o Si. No Último, ou no Absoluto, não há mais nenhum ponto de apoio, é toda a diferença.

Não se Bascula no Absoluto: o Absoluto já está lá. Faz-se a Reversão ou Bascula-se do «eu» ao Si, atravessando uma porta, voltando a um triângulo elementar, voltando à alma do ponto de vista do corpo, do ponto de vista do Espírito. Mas o Absoluto contém absolutamente tudo isso. Não pode ser, em nenhum caso, um Basculamento mas antes a paragem do movimento, a paragem de toda a dinâmica, a paragem de toda a percepção e de toda a sensação.

O Basculamento é o mecanismo que conduz a Consciência a viver os diferentes Samadhi: passar da Consciência normal (ordinária) à Turiya; mas Turiya não é Shantinilaya. Isso não é um Basculamento. É justamente o momento em que tudo está imóvel, em que mais nada se pode Reverter, em que mais nada pode Bascular. É quando a Presença desaparece. Tu podes assimilar isso a um Basculamento, mas o Basculamento tem um ponto de apoio. Mesmo se é sobreponível.

A passagem do estado de vigília ao sono pode ser chamado de Basculamento mas, quando estás no sono e tu acordas, quem é que Bascula? É o movimento (se eu posso dizer) inverso. Fazer desaparecer o Basculamento, permanecendo tranquilo, permite ser Absoluto.

Isso não é nem um Basculamento, nem uma Reversão, mas, bem mais, a evidência evidente que se manifesta perante ti e em ti, que não te faz mais depender de uma oscilação, de uma alternância, mas antes do que foi designado as passagens de um ao outro.

Estas passagens de um ao outro se manifestam claramente como uma percepção ou uma não percepção. Mas qualquer coisa se moveu, enquanto tu não te movias. São as passagens do «eu» ao Si, do Si ao Absoluto, do Absoluto ao «eu»; uma vez que isso estiver aí, revela, que o teu ponto de vista está dentro e não mais fora. O Basculamento não concerne ao Absoluto.

Quando tu passas da vigília ao sono, há Basculamento. Quando tu passas do sono ao despertar, ou à vigília, mesmo que isso possa ser percebido como Basculamento, isso não é mais um Basculamento. É uma mudança de posição da Consciência, o atravessamento de uma Porta.


Mensagem de BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1515
13 de julho de 2012
(Publicado em 14 de julho de 2012)
Tradução para o português: Cristina Marques e António Teixeira
http://minhamestria.blogspot.com

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